Organização de Ana Paula Ferreira
«os textos aqui em foco expõem os condicionamentos bem como as consequências mais vastas da limitação das mulheres à identidade de esposas e mães ou, no pólo oposto, «mulheres perdidas». Escrever a partir da plataforma da diferença feminina não terá, por conseguinte, nada de ingénuo nem, muito menos, de vitimizante ou «natural»: trata-se, efectivamente, de utilizar um dispositivo discursivo em aparência inócuo («literatura feminina») para confrontar a exclusão das mulheres do espaço da cidadania, do fórum público. A necessidade, bem como a viabilidade, de serem ouvidas, e ouvidas como mulheres, sobre as estruturas sociais, económicas, legais, culturais e psicológicas que colonizam diversamente mulheres e homens de várias procedências de classe, meio geocultural e, em alguns casos, raça, explica por que «é que grande parte das escritoras que emergem entre finais dos anos trinta e finais dos anos quarenta envereda pelo género do conto e da novela. [...] Devido à sua própria multiplicidade (em contraste com um número mais limitado de intrigas romanescas), o conto torna-se, assim, veículo privilegiado de análise e, idealmente, combate dos vários mecanismos de poder que interactuam para disciplinar as mulheres, bem como os demais sujeitos da diferença, no âmbito da família-nação salazarista.» Ana Paula Ferreira, texto de apresentação da presente obra
Organização de Ana Paula Ferreira
«os textos aqui em foco expõem os condicionamentos bem como as consequências mais vastas da limitação das mulheres à identidade de esposas e mães ou, no pólo oposto, «mulheres perdidas». Escrever a partir da plataforma da diferença feminina não terá, por conseguinte, nada de ingénuo nem, muito menos, de vitimizante ou «natural»: trata-se, efectivamente, de utilizar um dispositivo discursivo em aparência inócuo («literatura feminina») para confrontar a exclusão das mulheres do espaço da cidadania, do fórum público. A necessidade, bem como a viabilidade, de serem ouvidas, e ouvidas como mulheres, sobre as estruturas sociais, económicas, legais, culturais e psicológicas que colonizam diversamente mulheres e homens de várias procedências de classe, meio geocultural e, em alguns casos, raça, explica por que «é que grande parte das escritoras que emergem entre finais dos anos trinta e finais dos anos quarenta envereda pelo género do conto e da novela. [...] Devido à sua própria multiplicidade (em contraste com um número mais limitado de intrigas romanescas), o conto torna-se, assim, veículo privilegiado de análise e, idealmente, combate dos vários mecanismos de poder que interactuam para disciplinar as mulheres, bem como os demais sujeitos da diferença, no âmbito da família-nação salazarista.» Ana Paula Ferreira, texto de apresentação da presente obra